ÁGUA DOCE, ÁGUA SALGADA
Ciclo de duas residências artísticas

18 a 30 setembro 2023
Rio Paiva (Castro Daire, Portugal)
Com: Luís Costa, Ana Rodríguez e Vittoria Assembri

Em colaboração com o Município de Castro Daire, no âmbito do projeto Memória sobre Rodas e com o Mapa Sonoro de Uruguay

8 a 20 outubro 2023
Salina (Ilhas Eólias, Itália)
Com Elettra Bottazzi, Ana Rodríguez e Luís Costa

Em colaboração com o Comune di Santa Marina Salina, com a Associazione Villa Santa Lucia e com o Mapa sonoro de Uruguay

Duas organizações culturais situadas em contextos geográficos distintos, a Binaural Nodar, uma associação cultural que trabalha em zonas montanhosas do centro de Portugal e Amaneï Salina, um espaço cultural que desenvolve a sua atividade numa das Ilhas Eólias, integradas na região italiana da Sicília, decidem estabelecer uma parceria, a partir da percepção recíproca de uma certa forma comum de pensar os respectivos territórios e de acolher artistas residentes, valorizando o contacto directo com a paisagem e as comunidades, uma mediação de proximidade e a exploração paulatina de temáticas locais.

O ciclo de duas residências artísticas “Água doce, água salgada” propõe trabalhar a água como matéria de inspiração, do Atlântico ao Mediterrâneo, das águas fluviais e doces do rio Paiva às ondas salgadas e meridionais de Salina. Particular atenção será dada às zonas de interseção entre água e cultura, como a perpétua mobilidade de comunidades através de rios e mares, as formas específicas de acesso à água, bem como as viagens propiciadas pelos meios aquáticos: dos alimentos, das línguas, dos símbolos, das técnicas construtivas e de tantos outros aspetos.

Em paralelo com um diálogo entre duas regiões europeias, este ciclo de residências artísticas estabelecerá vínculos com paisagens e comunidades do Uruguai, dando sequência ao projeto Ecos Antípodas, desenvolvido em parceria com o projeto Mapa Sonoro de Uruguay.

Biografias:

Vittoria Assembri é uma artista italiana que investiga relações entre a arquitetura e o som. A sua prática explora territórios considerados marginais, do ponto de vista simultaneamente arquitetónico e sonoro. A artista centra a sua investigação na regeneração de espaços urbanos como a recuperação do património edificado que busca sentidos de sociabilidade sustentável e de diversidade social. A sua pesquisa desenvolve-se em torno da noção de Terceira Paisagem, uma condição, oblíqua e não convencional, de espaços abandonados investidos por formas espontâneas de outras espécies.

Luís Costa é um curador de práticas artísticas contemporâneas, investigador social, artista sonoro, educador e animador cultural em contexto rural, no contexto da associação Binaural Nodar. Coordenador do Lafões Cult Lab, um conceito de pesquisa e acolhimento artístico e de investigação social desenvolvido no território português de Viseu Dão Lafões, o qual já acolheu centenas de artistas contemporâneos e investigadores sociais de todo o mundo. Coordenador do Arquivo Digital Binaural Nodar, um projeto de pesquisa, catalogação e mapeamento sonoro e audiovisual da memória coletiva dos territórios rurais de intervenção da associação. É autor e editor de vários livros sobre património imaterial e sobre arte contemporânea em contexto rural, tendo apresentado o seu trabalho artístico sonoro e media em universidades, museus, espaços comunitários e locais “site-specific” de Portugal, Espanha, Itália e Uruguai.

Elettra Bottazzi é uma curadora, historiadora de arte, investigadora e arquivista italiana. Centrando-se numa abordagem interdisciplinar entre a antropologia, a história, a metodologia arquivística e os estudos linguísticos, a sua prática curatorial reflete sobre temas como a memória e a identidade nos mundos visíveis e invisíveis. Ela é curadora regular de exposições e projetos de arte contemporânea na Itália e no exterior, e seus textos foram publicados por Mondadori, Electa, Maurizio Corraini e Skira. Elettra Bottazzi é cofundadora e diretora artística da Amaneï, uma organização sem fins lucrativos e centro cultural com sede em Salina (Ilhas Eólias, Itália), que promove práticas de pesquisa territoriais através de programas de residênciaa artísticaa, atividades de envolvimento comunitário e atividades internacionais de intercâmbio.

Ana Rodríguez nasceu em Montevidéu, vive e pesquisa em contextos rurais desde 2001, ano em que se estabeleceu em Tacuarembó, no norte do Uruguai. Antropóloga formada pela Universidade da República do Uruguai. Cursou o mestrado em Teoria e Prática do Documentário Criativo na Universidade Autónoma de Barcelona e está atualmente a cursar o mestrado em Ciências Agrárias pela Faculdade de Agronomia (FAGRO) da Universidade da República do Uruguai. Formou parte da equipa docente do Núcleo de Estudos Rurais (Sede de Tacuarembó da Universidade da República do Uruguai) entre 2016 e 2018. Realizou várias publicações e documentários etnográficos sobre a memória da escravidão, ofícios rurais e medicina e religiosidade popular (2003-2010), criou um CD de contos de tradição oral com paisagens sonoras (Los cuentos de Mamá Carolina, 2013), criou o Mapa Sonoro do Uruguai (2016) e é artista e investigadora residente na Binaural Nodar (Portugal) desde 2017. Atualmente, investiga metodologias de trabalho com som e com populações rurais enquanto ferramenta de contribuição para projetos de desenvolvimento local.

A Binaural Nodar é uma entidade cultural apoiada financeiramente pelo Governo Português – Cultura.