SEGADA E MALHADA DO CENTEIO
Aldeia da Relva (freguesia das Monteiras, concelho de Castro Daire)
Sábado, 01 de agosto a partir das 08h00.

O Museu na Relva de Ilídio Magueja, a Associação Desportiva Cultural e Recreativa Relvense, a Freguesia das Monteiras, o Município de Castro Daire através da sua Biblioteca Municipal e a Binaural Nodar, apresentam a atividade cultural e comunitária “Segada e Malhada do Centeio”, a qual decorrerá na aldeia da Relva, no próximo sábado, dia 01 de agosto, a partir das 08h00.

A atividade cumprirá todas as recomendações sanitárias mais recentes da Direção Geral da Saúde e consistirá num percurso de trabalho, animação e gastronomia através de vários pontos da aldeia da Relva, de forma a ser revivido o ancestral espírito de entreajuda nas tarefas ligadas ao centeio, tal como existiu nas aldeias serranas do Montemuro até há poucas décadas atrás.

Nota: Apenas serão autorizadas fotografias por parte dos participantes, sendo que existirá uma equipa de recolhas do projeto Castro Daire – Memória Sobre Rodas a registar o evento em áudio e vídeo.

“Estamos em pleno Verão, altura da segada do centeio, sendo este o primeiro cereal a ser colhido para encher as caixas onde é armazenado para durante o outono e inverno ser o garante do pão para a alimentação das pessoas, assim como o milho e as batatas e o feijão. Todos estes bens alimentares, alguns dos depois de transformados em farinha e posteriormente em pão, outros depois de cozinhados, servem de alimentação às populações desta região. O centeio que agora estamos a segar foi semeado por volta do mês de setembro, mas antes já houve outras atividades para que possamos ter esta qualidade de grão tão bem constituído, durante a primavera e parte do verão, fomos cortando mato carquejas, sargaços, queirós e até algumas ramas de giesta para estrumar as lojas das vacas, ovelhas, cabras e porcos para agora temos estrume que serve como fertilizante para uma melhor produção.

Os dias são grandes, o trabalho é de sol a sol e acaba muito para além do ocaso do sol e esta atividade agrícola é a que mais gente envolve e é a mais animada. Começa-se a fazer a roga das pessoas no fim de junho para que os lavradores possam escolher os melhores dias e o maior número de pessoas.

Esta tradição manteve-se durante muitos anos, com poucas alterações, um trabalho que também é uma festa no final da segada, cantava-se a desgarrada e sempre com um pezinho de dança, as refeições eram de melhor qualidade e variedade, finda a segada enrolheiravam-se os molhos do centeio alguns dias enquanto se cortava o feno, e só depois do feno arrumado nos palheiros é que se fazia a carreta até a fraga onde se erguia a mêda, toda esta área era preenchida todos os moradores erguiam a sua mêda, depois era malhado o centeio uma de cada vez, primeiro as da frente depois as outras. Cada malhada envolvia quase todas as pessoas da aldeia havia uma entre ajuda e colaboração de todos, uns malhavam, outros colhiam a palha nos palheiros por cima do feno, outros transportavam o cereal para as caixas, outros separavam o colmo, outros tiravam o molhos do centeio da meda, outros até escolmavam se não fossem precisos nas outras atividades referidas.”

Texto citado de Ilídio Bonifácio Magueja.