Em “Oikos” o espaço performativo transforma-se num género de casa, uma casa vazia que está para ser abandonada. A ação desenrola-se tendo em conta dois níveis principais: aquele vertical, representado pelos muros, escadas, o edifício e aquele horizontal, representado pelo pavimento, a varanda, o átrio, o terraço. O muro custodia as memórias, as quais são ativadas pela performer através dos sons da sua voz. O muro é inimigo e amigo, prisão e refúgio, atrai e repele. A casa é um lugar; a casa é uma metáfora para o nosso corpo, é o nosso pequeno universo. Quando nos encontramos em casa, sentimo-nos protegidos, quando nos encontramos na nossa casa vazia, sentimo-nos perdidos.

Manuela Barile (n. 1978) é uma artista de origem italiana que vive desenvolve projectos em estreito contacto com as comunidades locais, tendo em conta aspectos específicos do território como a tradição, a memória, os símbolos e os rituais depositados no solo como marcas indeléveis. O seu trabalho artístico combina antropologia visual e sonora, documentário, vídeo arte, performance art e performance vocal, tocando questões íntimas como a morte, a pobreza, o trabalho, a felicidade, a emigração, etc. A arte de Manuela Barile é uma investigação contínua sobre a realidade, sobre o estar no mundo, sobre a experiência pessoal. Usando como ponto de partida a sua própria existência e a de pessoas comuns, o trabalho da artista é capaz de transformar a experiência individual num lugar de projecção colectiva. Como performer vocal, embarcou em 2001 num percurso pessoal na área da experimentação vocal aplicada à improvisação livre. A artista baseia-se no uso de “técnicas vocais estendidas” focadas na relação entre voz, corpo, paisagem sonora e propriedades acústicas dos lugares. Manuela Barile é presentemente diretora artística da Binaural/Nodar, organização para a qual criou inúmeras obras audiovisuais, muitas das quais co-financiadas pelo Governo de Portugal e por fundações privadas em Portugal e em Itália (“Moroloja”, “Locus in Quo”, “Oikos”, “Rheia Zoontes”, “A Esposa” etc.). As suas obras foram exibidas em múltiplos festivais e espaços expositivos nacionais e internacionais: Australian International Experimental Film Festival, Cologne OFF, Óptica Madrid, Óptica Buenos Aires, Videoholica, Festival Internacional de Cinema de Camden (US), Marco (Vigo), Espaço Isto é Normal (A Corunha), Museu Bienal de Cerveira, Espaço Performas (Aveiro), Teatro Viriato (Viseu), etc.