LOCUS IN QUO

Três instalações áudio/vídeo de
Manuela Barile
Fórum Cultural de Cerveira (Vila Nova de Cerveira)
18 Dezembro 09 – 16 Janeiro 10

Inauguração 18 Dezembro às 21h00 (com performance ao vivo)

 

Locus in Quo – que significa “O lugar onde alguma coisa acontece” – é o título genérico de um corpo de trabalhos baseados num único tema: o sentido dos lugares. O projecto é composto por duas instalações vídeo + uma série de fotografias e de objectos (Pesa e ), uma instalação sonora / performance (Birdsoundcage) e um concerto / performance ao vivo (Oikos). Estas componentes operam seja como uma obra única, seja como trabalhos independentes, embora conectados entre si.

 

Pesa é uma obra concretizada na forma de uma instalação vídeo em três ecrãs concebida a partir de uma performance site-specific realizada em Outubro 2008 durante uma residência artística no MoKS, Estónia. A mesma consistiu na construção de um ninho em vários lugares onde eu tive um sentimento de pertença (a casa abandonada, os abismos do lago, a pedra perto do lago, etc.). Pesa descreve a abordagem de um indivíduo que com melancolia e profunda consciência deixa o seu lugar, ao qual se sente ligado, para se meter a caminha em busca da sua nova “casa”. Pesa é um trabalho dedicado à casa, a casa da nossa infância e a todas as casas que abandonámos no arco da nossa vida. É uma interrogação ao sentido de abandono, a melancolia. A composição sonora foi constituída por sons da minha voz sem manipulação electrónica nos locais onde os ninhos foram construídos e depois abandonados, da gravações de campo (“field recordings”) dos mesmos locais e estrofes de canções tradicionais da Estónia sobre o tema do abandono.

 

é uma instalação vídeo em dois ecrãs desenvolvida em consequência do caminho iniciado por Manuela Barile em Março de 2009, em busca das aldeias abandonadas na área do maciço da Gralheira (S. Pedro do Sul), a área de Portugal onde a artista vive desde há três anos. As aldeias abandonadas são lugares com uma forte identidade, são lugares vivos apesar serem desabitados, embora agora a natureza os absorva progressivamente. São lugares que estão ainda vivos, porque carregados de memória. Eles podem ser uma ponte com o passado… o nosso passado. pretende seguir o trilho, colher, interrogar os sinais de vida e de memória, onde tudo parece acabado. Seguir os trilhos da memória significa uma reapropriarão das próprias raízes para restabelecer a ligação àquele sentido de autenticidade que se vai perdendo. A composição sonora é constituída pelos sons voz de Manuela Barile (sem manipulação electrónica) captados nas aldeias abandonadas, sons das aldeias abandonadas, estrofes de canções tradicionais da região (S. Pedro do Sul, Portugal).

 

Birdsoundcage é uma instalação sonora e vídeo. Uma gaiola de pássaro é recriada sonoramente numa sala vazia e asséptica. Lá dentro jaz um corpo imóvel, que para sobreviver auto constrói uma gaiola à sua medida feita de próteses. As próteses são obtidas através de ligaduras nos ramos de árvore fixadas nos membros inferiores e superiores. A matéria orgânica de que são feitas as próteses remete para os restos de um ninho, um lugar do passado que já não existe.

 

Créditos

Conceito e Direcção Artística: Manuela Barile
Performer Vocal e Composição Sonora: Manuela Barile
Gravações Sonoras de Campo: Manuela Barile, “Birdsoundcage” – Duncan Whitley (Inglaterra)
Registo e Montagem Vídeo: Manuela Barile
Assistente vídeo: “Cá#1” João Rodrigues & Luís Costa, “Birdsoundcage” Luís Costa
Vozes Recitante: “Pesa” – Evelyn Müürsepp (Estónia)
Vozes Cantantes: “Pesa” – Anna Hints (Estónia), “Cá” – Cantores Tradicionais da Região de S. Pedro do Sul (Portugal)
Pós-produção de Som: “Pesa” e “Cá” – Rui Costa (Portugal), e “Birdsoundcage” – Duncan Whitley (Inglaterra)
Composição Áudio Multicanal: “Birdsoundcage” – Duncan Whitley (Inglaterra)
Guarda-Roupa: Creazioni Ranieri (Bari, Itália), Brazukinha (Viseu, Portugal)
Residências Artísticas: Moks (Estónia) e Centro de Residências Artísticas de Nodar (Portugal)
Produção: Luis Costa e Carina Martins (Binaural)
Apoio: Ministério da Cultura – Direcção Geral das Artes