A Binaural convida todos para a inauguração da mostra de vídeos “Nodar: Território Inscrito”, a ter lugar na sexta-feira, 13 Novembro às 18h30 no foyer do Teatro Viriato, Viseu.

Teatro Viriato
Largo Mouzinho de Albuquerque
3511 901 Viseu

 

“Nodar: Território Inscrito”
Quatro obras vídeo criadas no contexto rural de Nodar

Numa colaboração entre a Binaural e o Teatro Viriato apresenta-se entre 13 Novembro e 29 Dezembro de 2009 uma mostra de quatro trabalhos vídeo realizados no Centro de Residências Artísticas de Nodar em 2008 e 2009. Os vídeos a exibir no foyer do Teatro Viriato situam-se nos domínios da vídeo arte, da arte em espaço público e do documentarismo experimental e reflectem sobre diferentes formas de inscrição num território, seja a forma como o xisto moldou as aldeias rurais da zona de Nodar ou as marcas sociais acumuladas ao longo de séculos que tanto unem como separam membros de comunidades isoladas ou ainda a transiência cíclica da paisagem e o seu impacto sensorial.

Rui Silveira (Portugal)
“Abrigo” 2009

Numa região (o vale do rio Paiva) onde a arquitectura tradicional sofreu enormes transformações – resultantes não só da introdução de novos materiais e técnicas de construção, mas também pela importação de modelos arquitectónicos estrangeiros – sentimos muitas vezes que existe um tempo diferente em torno das construções que ainda mantêm as características originais da região. Estas casas, muitas das quais foram abandonadas, mais que simples abrigos, foram locais essenciais da vida diária da família. Estes gestos e acções extintos ecoam ainda nos seus muros de pedra. São memórias evocadas pelas divisões vazias, relatos de habitantes que ainda as lembram vivas, objectos que, deixados para trás, nos contam histórias. Pode falar-se de um tempo diferente dentro destas casas, um tempo indiferente à nossa presença, indiferente ao presente, um tempo que nos fala da identidade do território, de uma maneira muito própria de o construir e habitar que, pelo uso dos materiais, se relaciona quase mimeticamente com a paisagem natural. Partindo de relatos dos habitantes e gravações da ambiência destes locais, surge um objecto audiovisual híbrido que relaciona uma visão documental com outra linguagem mais experimental em torno do universo sonoro dos materiais usados para a sua construção – a pedra e a madeira.

Rui Silveira nasceu em Campo Maior em 1983 e vive em Lisboa. É licenciado em Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e embora a sua formação tenha sido em grade parte orientada para o design gráfico, sempre tentou dirigir os seus trabalhos para os meios audiovisuais. As relações entre som e imagem (vídeo ou fotografia) captaram desde o início a sua atenção e interesse. Participou com trabalhos no Festival Collision em Londres e nos Rencontres Internationales em Paris.

http://www.ruisilveira.com

 

Joana Nascimento
“SimLugares”, 2009

“SimLugares” é um projecto que se interessa por território e paisagem, no sentido da relação entre pessoas num contexto (rural), e interacção entre pessoas e espaço (de que fazem uso e propriedade). Resistindo à leitura de não-lugares (Marc Augé), interessa à artista antes uma ideia de lugar comum associada ao reconhecimento psicogeográfico do lugar. Segundo Henri Léfebrve (pensador de cariz marxista), a activação de um lugar faz-se pelas suas dinâmicas, e o próprio significado de um determinado espaço tem menos a ver com a sua construção em si mesma, mas com os usos que permite. Neste projecto a artista procurou produzir um conjunto de mapas (mentais, conceptuais, cognitivos) baseados em indicações orais da população local em torno de práticas pessoais no espaço da aldeia de Nodar. Trata-se de procurar entender o lugar no sentido das imagens, memórias, usos que lhes estão associadas, e através destes elementos e expôr o modo como as pessoas se relacionam com a paisagem que as rodeia.

Joana Nascimento é uma artista visual portuguesa. Licenciou-se em Artes Plásticas – Escultura pela Faculdade de Belas Artes do Porto, onde actualmente desenvolveu uma investigação intitulada “Territorialização dos Espaços, [In]Visibilidades – Uma Abordagem ao Espaço e Tempo Performativo nas Práticas Artísticas para o Espaço Público”, no âmbito do segundo ano do Mestrado em Arte e Design para o Espaço Público. Em 2006/07 Obteve formação extracurricular em Cenografia e Intermedia na Akademia Sztuk Pieknych w Krakowie, Polónia. Faz parte do colectivo multidisciplinar “Inner-city”, cujos interesses se centram em abordagens locais ao espaço público e participou em várias exposições colectivas em Portugal, Espanha e Polónia.

 

Svetlana Bogomolova (Rússia/Estónia)
“Five Transient Videos”, 2009

“Five Transient Videos” é um grupo de cinco breves vídeos acerca da transiência de tudo à nossa volta, acerca da finitude – que une pessoas, animais e paisagem, o que é não é uma ideia triste, mas sim calma e poética. Essa é a percepção da artista acerca de Nodar – nada parecida com a depressão generalizada do Norte de onde a artista é originária – e que está relacionada com a ideia de auto-suficiência e de consciência de que tudo vem e vai. Este conhecimento é antigo e feminino e dá à artista muito poder – algo que poderia ser designado de místico, mas que ela prefere qualificar de pacificador e portador de confiança.

Svetlana Bogomolova nasceu em São Petersburgo (Rússia) e vive actualmente na Estónia. É formada em media e publicidade pela Faculdade de Belas Artes de Tartu. Desenvolve projectos nos domínios da fotografia, vídeo, performance, instalação, design gráfico e multimédia. É membro do MoKS – Centro para a Arte e Prática Social e tem participado em diversas exposições, projecções, performances, instalações áudio e vídeo. Trabalha actualmente em vídeo arte, como VJ e como designer gráfica.

http://www.svetabogomolova.com

 

Lezli Rubin-Kunda (Israel)
“Marking Stones”, 2008

Em “Marking Stones” a artista deambula pela aldeia local onde as pedras de xisto são usadas para construir paredes, casas, pavimentar estradas, delimitar propriedades. Ela responde às pedras encontradas em diferentes locais, marcando-as com incisões, desenhando nelas e decalcando-as em papel. O vídeo documenta as suas interacções espontâneas em cada local.

Lezli Rubin-Kunda é uma artista multidisciplinar israelita que trabalha nas áreas da performance, instalação, fotografia e desenho. A sua prática nos últimos 10 anos tem-se focado em projectos “site-specific” explorando um ambiente através da intervenção directa, usando o seu corpo e os materiais disponíveis do local para desenvolver acções e criar configurações temporárias. O seu trabalho tem sido apresentado em festivais de performance, vídeo e multidisciplinares em diversos locais de Israel, Europa e América do Norte.

 

Apoios:

Fundação Calouste Gulbenkian
Câmara Municipal de S. Pedro do Sul
MokS (Estónia)
Parallelo 41º (Itália)
Alg-a (Espanha)
Associação Aldeias de Magaio
viseu.tv (Parceiro Media)[:]