A Binaural Nodar em parceria com o Município Oliveira de Frades anuncia que se iniciou hoje 8/7 e decorrerá até 20 de julho a residência artística “Homo et Bestia” dedicada a reflexões artísticas contemporâneas sobre a relação entre humanidade e animalidade em contexto rural.

A residência decorre em São João da Serra (Freguesia de São João da Serra, Município de Oliveira de Frades), é coordenada por Manuela Barile e conta com a presença de três mulheres artistas oriundas do Brasil, da Alemanha e de Portugal:

Judith Sönnicken (Alemanha) e Diana Policarpo (Portugal)

Judith Sönnicken e Diana Policarpo irão desenvolver um trabalho sonoro colaborativo com o objetivo de pontuar processos e atores envolvidos na geografia sonora da zona de São João da Serra. Partindo de pesquisas sonoras que incluem gravações da interação das artistas com habitantes humanos e não humanos, as mesmas irão criar pontuações e notações que documentarão e gerarão o seu envolvimento na atividade local. Essas pontuações não apenas se tornarão no arquivo do projeto, como também servirão de base para a sua apresentação ao vivo final. O arquivo a formar dará visibilidade e audibilidade às transições sociais e geográficas dentro do ecossistema, desde as tradições orais do passado aos tapetes sonoros compostos na atualidade.

Judith Sönnicken é uma artista alemã que trabalha naquilo que designa por “atletismo dimensional, plasticidade da memória e imersão primal.” O que constitui a corporeidade e como se comunica com o ambiente? Na sua obra site-specifc “Immersive 4D matrices” Sönnicken colocou os visitantes dentro da arquitetura mental de locais geográficos. A sua obra “Magic Capes” são círculos têxtis de empoderamento, rodeando “eus”, fazendo a interface entre o antigo simbolismo cosmológico e os materiais contemporâneos. Na sua última peça, “Google Gardening” usou a Realidade Virtual para invadir ambientes privatizados em Silicon Valley. Em 2017, foi co-fundadora do Befriending Hyperobjects, uma interação performativa com hiperobjetos no espaço digital e analógico.

Diana Policarpo é artista visual e compositora portuguesa que vive e trabalha entre Londres (Reino Unido) e Lisboa (PT). Formou-se no Goldsmiths College com um mestrado em Belas Artes em 2013 e o seu trabalho investiga relações de poder, cultura popular e política de género, justapondo a estruturação rítmica do som como um material tátil dentro da construção social da ideologia esotérica. Além de trabalhar em projetos solo, frequentemente colabora com Scratch Orchestra, Hákarl, Áine O’Dwyer, AAS, Cabiria, Erinyes e The Orchestra of Futuristic Noise Intoners. Diana Policarpo foi recentemente anunciada como vencedora do Prémio EDP Novos Artistas 2019.

Bella (Brasil)

A dimensão do mito esteve sempre presente no trabalho sonoro de Bella de forma direta ou indireta. Em 2015, a artista inspirou-se no mito da Mulher-Lobo para compor o “Cantar sobre os ossos”, trabalho no qual empilhava dezenas de músicas autorais de mulheres numa gravação de fita magnética até o limite da saturação; e depois a mesma fita era disparada com um canto sobreposto a ela. Para a residência artística, o seu objetivo é investigar os mitos rurais de São João da Serra associados aos animais e a partir deles construir uma composição de arte sonora.

Bella nasceu no Rio de Janeiro; vive e trabalha em São Paulo. O seu trabalho propõe o apagamento das fronteiras entre som e espaço, a partir de uma performance voltada para os movimentos imperceptíveis da realidade. Vem desenvolvendo performances, instalações e caminhadas sonoras, que exploram a relação entre aspectos físicos e conceituais da matéria-som. Trabalha frequentemente com colaborações, relacionando o som com dança, artes visuais e multimédia. Já participou em festivais, mostras e residências artísticas em Brasil e exterior como em Nova Iorque, Berlim, Chile, Suíça e Copenhagen, além de ter suas produções sonoras difundidas em rádios como Resonance FM, BBC, Radio Tsonami, Documenta 14 e WFMU.