Aqui Vimos Nobre Gente: 25 Anos de Encontros de Cantares de Janeiras do Município de Vouzela
Livro com 100 páginas a cores + 2 CDs com 36 cantares de janeiras e reis.

Coordenação da edição: Luís Gomes da Costa
Textos de enquadramento histórico: Luís Gomes da Costa
Fotografias: Luís Gomes da Costa
Textos dos grupos: Responsáveis pelos grupos
Desenho Gráfico: Luís Gomes da Costa

Número de Catálogo: nodar.013 / TRS.005
ISBN: 978-989-97205-8-9
© 2017, Município de Vouzela e Binaural – Associação Cultural de Nodar

Aqui vimos nobre gente, trazer à luz uma publicação que reúne importantes retalhos da cultura imaterial do município de Vouzela, celebrando em conjunto os encontros de cantares de janeiras e de reis que, desde 1993, têm lugar com crescente participação e entusiasmo um pouco por todo o concelho. São hoje dezoito grupos espalhados pelas várias freguesias que transportam orgulhosamente o facho da perpetuação desta interessante manifestação cultural dos primeiros dias de cada ano.

Um município que persiste ao longo de 25 anos na organização de encontros de cantares de janeiras que reúnem grupos das suas aldeias, alguns dos quais nasceram e consolidaram precisamente a partir desses encontros, merece uma nota encomiástica, nestes tempos em que a persistência é um valor cada vez mais raro. Na verdade, Vouzela é um município afortunado pela presença densa de grupos de trajes e cantares, de ranchos folclóricos e de bandas filarmónicas, os quais em conjunto definem um ecossistema de preservação e de evolução cultural, sendo interessante notar o quão diferentes são os resultados musicais que se podem obter a partir do mesmo “caldo” de tradição.

As janeiras são um reduto de liberdade e de adaptação aos tempos, o que constatámos, por exemplo, através da miríade de abordagens às janeiras e aos cantares de reis que registámos nas múltiplas sessões de gravações que realizámos: Grupos que cantam a tradição pura sem qualquer aditamento, grupos que partem da tradição “limpando-a” e tornando-a mais conforme aos cânones da música de “raízes” ou grupos que adaptam melodias populares aos cantares de janeiras, aportando frescura e descomprometimento, o que, confessamos, tem para nós o seu valor, nestes tempos de patrimonialização asséptica, cada vez mais desligada da cultura livre das aldeias.

As janeiras originalmente desenrolavam- -se na noite do primeiro dia do ano, assumindo a forma de um peditório cantado, acompanhado por vezes de instrumentos, com preponderância de instrumentos de cordas e percussão.

Os grupos que pretendiam levar a cabo as janeiras – os janeireiros – juntavam-se nas noites anteriores para combinarem os versos das cantigas, o percurso a seguir através do casario da povoação e para ensaiarem os descantes, as vozes solistas e os coros de cada cantiga.

Na noite do primeiro de Janeiro, o grupo iniciava o percurso, levando sempre uma candeia de petróleo ou lampião a qual, diz a tradição, não se podia apagar durante toda a noite, devendo para tal ser pedido azeite nas casas às quais se ia cantar. Batiam à porta de cada casa e, depois de se certificarem que os donos estavam presentes, davam início às cantigas, as quais tinham uma parte introdutória com os votos de boas festas, seguida de dois tipos de quadras, umas elogiando a família e outras sendo crescentemente pícaras quando se começava a tornar evidente de que não iria existir qualquer recompensa monetária ou em víveres.

O produto em bens alimentares (chouriças, salpicões, ovos, galinhas, frutos secos, vinho, etc.) recolhido durante os cantares era posteriormente repartido no âmbito de um convívio organizado entre os participantes nas janeiras.

Um bem-haja a esta toda esta nobre gente que continua a ser um reduto na defesa das tradições e que nos acolheu de forma incrível:

Grupo de Trajes e Cantares de Cambra
Grupo de Cantares da Associação “Os Amigos de Levides”
Grupo Recordações de Campia
Grupo de Cantares da Sociedade Musical Cultura e Recreio de Paços de Vilharigues
Grupo de Cantares de Carvalhal de Vermilhas
Grupo de Trajes e Cantares de Loumão
Grupo de Cantares da Associação Cultural, Desportiva, Recreativa e Social de Paredes Velhas
Grupo de Cantares de São Miguel do Mato
Rancho Folclórico de Vilar de São Miguel do Mato
Grupo de Cantares de Janeiras de Ventosa
Grupo de Cantares Nossa Senhora dos Milagres, Adside
Cavaquinhos e Cantares à Beira, Queirã
Rancho Folclórico “As Capuchinhas de São Silvestre”
Grupo de Cantares do Crasto de Campia
Grupo de Cantares de Janeiras da Casa do Povo de Alcofra
Grupo de Cantares do Rancho Folclórico de Fornelo do Monte
Grupo de Cantares de Fataunços

LIVRO COMPLETO
(Clicar na imagem para ler)